sábado, 3 de maio de 2025

Conselho Tutelar proíbe Miguel Oliveira de continuar pregando em igrejas

Críticos dizem que suas pregações carecem de embasamento bíblico e apontam o risco de que ele esteja apenas reproduzindo fórmulas conhecidas do meio neopentecostal




Miguel Oliveira, conhecido nas redes sociais como “Pastor Mirim”, foi oficialmente proibido de pregar em igrejas e participar de eventos religiosos após decisão do Conselho Tutelar.

A medida foi tomada durante uma reunião realizada nesta segunda-feira (29), com a presença dos pais do adolescente, Erica e Marcelo, e do pastor Marcinho Silva, líder da Assembleia de Deus Avivamento Profético, denominação à qual Miguel está vinculado.

A decisão inclui o cancelamento imediato de toda a agenda do jovem, que vinha se apresentando como missionário em diferentes cidades do país.

Além da suspensão das pregações presenciais, Miguel também foi orientado a se afastar das redes sociais, incluindo o Instagram, onde acumulava cerca de 1 milhão de seguidores. Está vetada qualquer publicação relacionada a revelações espirituais ou supostas curas, práticas que vinham gerando polêmica e ampla repercussão nas redes.

Em um dos vídeos mais criticados, o adolescente aparece rasgando documentos médicos durante um culto, enquanto declara publicamente estar curando doenças como câncer e leucemia. As imagens provocaram reações intensas, com internautas e líderes religiosos questionando a veracidade das manifestações e o uso da fé de forma sensacionalista.

“Tão jovem e já aprendeu o caminho da enganação, brincando com a fé alheia”, escreveu um internauta.

Críticos dizem que suas pregações carecem de embasamento bíblico e apontam o risco de que ele esteja apenas reproduzindo fórmulas conhecidas do meio neopentecostal, sem entendimento profundo do conteúdo que propaga.

Diante da repercussão negativa e da exposição crescente, os pais de Miguel procuraram o Ministério Público de São Paulo. A Promotoria da Infância e da Juventude passou a acompanhar o caso, baseando-se nas diretrizes do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina proteção integral a menores de idade em situações de risco. Como parte das recomendações, o jovem deverá interromper os estudos à distância e retornar imediatamente às aulas presenciais.

O pastor Marcinho Silva, responsável espiritual pelo adolescente, confirmou a decisão e afirmou que Miguel demonstrou resistência ao ser informado do afastamento. Segundo ele, o jovem desejava continuar a pregar, mas a suspensão foi considerada necessária para preservar seu desenvolvimento emocional, espiritual e educacional.

A situação gerou discussões nas redes sociais e entre teólogos, muitos dos quais criticaram a falta de preparo teológico nas mensagens transmitidas por Miguel e alertaram para os riscos da superexposição de menores em ambientes religiosos.

Natural de Carapicuíba (SP) e membro da Igreja Assembleia de Deus Avivamento Profético, Miguel afirma ter iniciado sua vida religiosa aos três anos de idade, após ser, segundo ele, milagrosamente curado de surdez e mudez. Desde então, passou a pregar em eventos evangélicos por todo o Brasil, ganhando notoriedade pela postura semelhante à de pastores adultos, mesmo com pouca idade.



Essa intervenção do Conselho Tutelar ocorre em meio a uma série de polêmicas envolvendo o adolescente.

Em um vídeo que viralizou na internet, Miguel aparece em um culto rasgando folhas de papel e declarando a cura de uma fiel.

"Eu rasgo o câncer, eu filtro o teu sangue e eu curo a leucemia", afirma o jovem na gravação.

As controvérsias não terminam no vídeo. Miguel também foi criticado pela forma de seus discursos.

Seus pedidos de doações durante os cultos também chamaram atenção, como quando solicitou que fiéis fossem ao altar doar mais de R$1 mil, associando a velocidade da doação à velocidade do milagre.

A assessoria do jovem afirma que esses valores são direcionados às igrejas que o convidam, e não para Miguel pessoalmente.

Fonte: Folha Gospel e Brasil Paralelo

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